domingo, 30 de janeiro de 2011

Davos - nova ordem mundial, Caetano?

por Nelmara Arbex

Anos se passam e continua difícil identificar as contribuições concretas que fóruns como o de Davos trazem na prática. Claro, todo este debate, preparado para que os grandes tomadores de decisões do planeta passem a compartilhar a mesma “linguagem”, tem um mérito imenso. A imprensa/mídia global e’ polarizada pela agenda proposta pelos organizadores do Fórum Econômico Mundial e todo “candidato a líder” de qualquer coisa quer estar lá.

Mas tamanho exercício de alinhamento dificilmente pode ser medido em ações concretas.

Quando começou em 1971 o fórum juntou 444 executivos de 31 países, este ano espera-se que cerca de 2500 lideres de vários setores (governos, negócios, movimentos sociais) e celebridades da mídia (atores e cantores) passem por lá. O fórum e’ um evento fechado, somente convidados podem entrar, o que faz com que ele exerça uma atração especial sobre as lideranças de todo o mundo, que estão acostumadas ao fato de que grandes decisões são tomadas em fóruns fechados.

Este ano o tema e’ quente, mas não e' novo: a necessidade de sistemas de governança (organizações mundiais e regras mundiais) novos para ajudar os povos a gerenciarem os problemas econômico, financeiro, sociais e meio-ambientais que estamos enfrentando.

O relatório preparado pelo fórum e lançado em janeiro aponta para os 3 principais riscos a serem considerados para uma nova ordem mundial (ei, Caetano!): riscos macroeconômicos ( o sistema cresce de crise em crise, sem claras perspectivas de mudança, já que o modelo de desenvolvimento linear se mantém), crescimento da economia ilegal (economias de países politicamente instáveis crescem devido a comercialização de armas, e aumento do crime organizado, aprofundado o risco de maiores instabilidades), limites ambientais e sociais para o crescimento econômico (o mal gerenciamento dos recursos naturais e da promoção do bem-estar social que esta levando o modelo de crescimento a limites planetários).

Apontam ainda 5 outros temas de enorme relevância para a nova ordem mundial: Segurança cibernética, crescimento populacional descontrolado, escassez absoluta de recursos básicos (como água em algumas regiões), existência de armas nucleares e biológicas.

Uma das respostas propostas pelo fórum a esta situação e’ a criação da “risk response network”, uma rede que se propõe a identificar, quantificar e discutir os riscos aqui mencionados. Para saber mais sobre isto veja este link (em inglês).

Será que também vão propor uma nova Nações Unidas? Se você tivesse que propor um novo fórum de governança mundial, como ele seria? Quem deveria estar la' e poderia ajudar a realmente mudar o destino do planeta e dos povos?


ps: vale a pena ouvir e reler a letra da música "Fora de ordem" gravada por Caetano em 1991, no disco “Circulado”!, há 20 anos…

domingo, 16 de janeiro de 2011

Heróis armados na tela: boicote!


por Nelmara Arbex

Apesar de ser um tema incômodo e apimentado, a relação entre sustentabilidade e armas e’ um tema que deveria ser muito mais discutido.

A indústria armamentista desafia um modelo sustentável de desenvolvimento de várias formas: não ha’ transparência neste tipo de indústria, este e' um setor que utiliza recursos naturais inestimáveis para um processo destrutivo e, principalmente, eleva o nível de violência social a patamares extremamente difíceis de serem revertidos.

O documentário "Dealing and Wheeling" sobre a distribuição legal de centenas de milhares de armas de pequeno porte em países em desenvolvimento e' um marco, e explica como centenas de milhares de armas de pequeno porte entram no continente africano todos os anos, tornando-o impossível de governar.

A indústria armamentista move enormes partes da economia de diversos países, sendo o principal deles os Estados Unidos. Os gastos militares do mundo chegaram a 1.531 trilhão de dólares em 2009. 46.5 % deste total foi gasto pelos EUA, pais e’ também o maior exportador/vendedor de armas do planeta.

Com um índice de 90 armas para cada 100 pessoas este país esta' muito acima de quase qualquer estatística do tipo, como a Inglaterra, por exemplo, que conta com 6 armas para cada 100 habitantes e o Brasil, oficialmente com 9 armas por 100 habitantes.

Seria mesmo pura coincidência todos aqueles filmes americanos que mostram armas de todos o tipos? Comece a olhar os filmes americanos que mostram heróis armados com o olhar de quem vende armas... não seria esta uma fantástica propaganda? Sera' que ela e' feita de graça?

Hum...duvido.

Que tal começar imediatamente um boicote e mudar o canal na hora que eles aparecem ou não ir ao cinema para vê-los? Um bom e simples primeiro passo para nos acostumarmos com a ideia de que um presente e futuro sem armas e' possível!

ps: apesar de oficialmente o Brasil ter um índice de armas por 100 habitante 10 vezes inferior aos EUA, Interessantemente o Brasil apresenta o mesmo nível de violência que os EUA, Angola e Bangladesh. De uma olhada neste link.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Quais são seus temas apimentados para 2011?


por Nelmara Arbex

O final de 2010 foi atribulado para mim. Depois de eventos e reuniões em Bruxelas, Roma, São Paulo e Londres, voltei a Amsterdam confusa por tantas impressões, mas ainda com um ano super-atarefado para terminar. Ultimas discussões /documentos /propostas, corre, corre, e o Natal já estava na porta. O blog ficou para trás...

Aprendi muito em 2010. Este blog e você leitor foram grandes presentes no ano que passou. Obrigada pela sua leitura e comentarios. Aqui estão registrados montes de impressões e conteúdos que fui encontrando pelo meu caminho e que considero pontos críticos para construirmos um modelo de desenvolvimento -e de comportamento- que nos faça querer agarrar nosso futuro.

Tenho aqui ja’ uma lista de temas para 2011. E você? Tem alguma sugestão? E’ so’ me escrever.

Feliz 2011!

Que você tenha um ano borbulhante, e cheio de futuro!